domingo, 26 de maio de 2013


Por que o excesso de sódio faz mal para as crianças?
Agora é oficial: a Organização Mundial da Saúde limita a quantidade de sódio para os pequenos. Entenda por que isso pode livrá-los de encrencas futuras.
 
Já passou a época em que a hipertensão era exclusividade de gente mais velha. A partir do momento em que os alimentos industrializados e ricos em sódio se popularizaram na mesa da meninada, até a pressão alta se tornou cada vez mais precoce. Não por menos esse hábito alimentar chamou a atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que está preocupada com os casos de pressão nas alturas na infância.

Em relatório recém-divulgado, a entidade alerta para o distúrbio que tem enorme probabilidade de se perpetuar na vida adulta. E é aí que entra o sódio, um dos principais responsáveis pela elevação permanente da pressão arterial. O mineral, que estende o prazo de validade dos alimentos, está presente na maioria dos produtos consumidos (e adorados) pelas crianças, como bolachas recheadas, pães, comidas de fast food e, óbvio, nos célebres salgadinhos, que não receberam esse apelido à toa.

A OMS passa a recomendar uma ingestão de menos de 2 gramas de sódio por dia para meninos e meninas entre 2 e 15 anos. Para ter uma ideia, um único lanche com hambúrguer, queijo, catchup, maionese mais um copo de refrigerante chegam muito perto dessa cota diária. A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que entre 6 e 8% das crianças brasileiras já são hipertensas.
A solução para prevenir ou contra-atacar tanto o ganho de peso como a pressão nas alturas não tem muito segredo: é manter, desde pequeno, hábitos saudáveis. Os cuidados, aliás, começam na amamentação. O conselho é dar preferência a alimentos não industrializados, que possuem uma quantidade do mineral suficiente para as necessidades do organismo. "O ideal é que, no preparo da refeição, não se adicione nada de sal", orienta a nutricionista Regina Pereira. "Se a criança é acostumada a refeições salgadas, seu paladar vai se adaptar a esse padrão."
A orientação para os pais é retardar e reduzir a oferta dos industrializados à meninada, tirar o saleiro da mesa e... servir de modelo. São medidas que contribuem para criar um garoto que não vai depender tanto das pitadas de sódio para sentir prazer à mesa e ter uma pressão controlada.
Por que o excesso de sódio eleva a pressão da criança?
Quando o pequeno consome muito sal, o organismo passa a reter mais líquido para lidar com a sobrecarga de sódio. Daí aumenta o volume de sangue no interior das artérias.

Além disso, o sódio carrega moléculas de cálcio para a parede interna dos vasos, o que intensifica a contração deles e, com o tempo, torna-os mais espessos e menos flexíveis.
Com as artérias mais contraídas e o maior fluxo de sangue correndo lá dentro, ocorre a chamada resistência à circulação sanguínea. Traduzindo: a pressão no interior dos vasos aumenta de forma permanente. E a hipertensão dá as caras.
Potássio amigo
A OMS recomenda aumentar o consumo do nutriente para 3,5 gramas por dia. Ou seja: capriche nas frutas e verduras, onde mora o mineral. Ele ajuda o coração a trabalhar, facilita a dilatação dos vasos e induz a excreção de sódio pelos rins.

Fontes: Dante Giorgi, nefrologista do Instituto do coração de são paulo e conselheiro da sociedade brasileira de hipertensão; Aline maria pereira, nutricionista professora do setor de medicina do adolescente.
Joana Alves

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Organização do espaço

O espaço físico é um grande aliado dos educadores na educação de crianças pequenas. É necessário investir tempo, energia e algum recurso para assegurar o bem-estar físico, a segurança, as aprendizagens e principalmente o conforto nos Centros de Educação Infantil.

Há diferentes formas de organizar os ambientes educativos para que eles possam tornar-se aconchegantes, seguros e desafiadores ao mesmo tempo.

A seguir damos algumas sugestões. Cantos de atividades diversificadas. Organizar diferentes atividades, por um período do dia, em um mesmo ambiente é uma possibilidade bem interessante. Quando a sala é organizada em “cantos” configura-se uma estratégia de organização e planejamento de atividades que possibilita ao professor conhecer melhor as crianças, acompanhá-las em suas aprendizagens, observar as suas necessidades e replanejar sua ação com maior segurança.

 
O que são:

• Atividades permanentes com frequência diária.

• Organizadas por temas, por materiais, por conteúdos.

• Organizadas pelo adulto e pelas crianças.

• Permitem que as crianças escolham o que fazer.

• Permitem que as crianças escolham seus parceiros para brincar.

Princípios norteadores:

• Respeito às escolhas das crianças.

• Incentivo à autonomia.

• Ampliação cultural.

Ações do professor:
 
 

• Viabilização de interações frutíferas entre as crianças, e entre elas e os objetos.

• Acesso a materiais e produções da cultura.

• Equilíbrio entre a constância de materiais e a diversidade.

• Incentivo à individualidade e aos agrupamentos.

• Incentivo à descoberta de cantos desconhecidos.

• Observação da atuação infantil.
 

O que as crianças aprendem:

• Escolher, tomar decisões.

• Agir com pouca ajuda do professor, em parceria com outras crianças ou sozinha.

• Cooperar, compartilhar.

• Brincar, imaginar, construir cenários lúdicos, papéis para o jogo simbólico.

• Colocar e negociar seus interesses e necessidades.

• Cuidar da organização do ambiente e dos materiais.
 
 

Possibilidades de cantos:
 
 

• Ambientes para brincar de faz-de-conta (alguns exemplos):

– heróis;

– príncipes e princesas;

– lojinha;

– escola;

– casinha;

– salão de beleza para meninos e meninas;

– feira;

– supermercado;

– papelaria;

– caminhoneiro;

– peão.

• Ambientes para expressar-se graficamente:

– desenho com papel e caneta hidrográfica e/ou giz de cera, lápis de cor;

– pintura;

– colagem;

– modelagem.

• Ambientes para ler:

– canto com livros de poesia, jornais, enciclopédia, contos de fadas, gibis.

• Ambientes para jogar:

– jogo de percurso, de memória, quebra-cabeça, baralho etc.

 

 

Perguntas frequentes:

 

O que a organização de cantos de atividades diversificadas oferece às crianças?

Essa modalidade de organização da sala ensina a criança a escolher e tomar decisões, responsabilizando-se por suas escolhas. É um momento privilegiado no qual ela pode agir de forma mais autônoma, justamente porque o professor abre mão de dirigir a atividade que está sendo proposta, compartilhando com as crianças a própria organização/coordenação da atividade. Nesse momento cabe às crianças a organização da sala, dos materiais, da escolha do que fazer, da negociação pela posse de brinquedos etc., com a ajuda do professor. Assim as crianças aprendem a cooperar, compartilhar, agir por conta própria.
A organização da sala em cantos de atividades diversificadas não deixa de ser por si só um importante aprendizado para as crianças: aprendem a transformar o próprio ambiente e a saber que muitos mundos cabem numa simples sala de grupo! Podem virar as mesas ao contrário e enrolar um pano em volta para formar um barco ou então empilhar mesas viradas ao contrário umas sobre as outras e passar um barbante circundando os pés da mesa virados para cima para fazer uma barraca de feira; é possível colocar almofadas aconchegantes num canto para ler; podem delimitar um pedaço de chão com caixotes para fazer uma pista para arremessar bolinhas de gude sem deixar espalhá-las pela sala; enfim, possibilita muitas propostas que ocorrem ao mesmo tempo.
A organização dos cantos de atividades diversificadas não é só um momento de aprendizagem da criança, é também do professor, que aprende a segurar seu impulso de estar sempre dirigindo e controlando a situação. Ele permite que as crianças dêem conta de gerenciar o momento. Esta forma de organização possibilita que o professor observe melhor as crianças, suas potencialidades e dificuldades, já que está mais disponível para isso.
 

Quanto tempo da rotina deve ser destinado aos cantos de atividades diversificadas?
 
 

Para responder a esta questão temos que pensar na grade de horários da escola ou do CEI, equilibrar o tempo destinado à roda de conversa, roda de história, momento para realizar as atividades dos projetos e as permanentes.
Assim sendo, um tempo razoável seria entre 50 minutos e 1 hora, no qual as crianças pudessem circular por diversos cantos ou escolher alguns deles para ficar. Um momento que permite a exploração, a dedicação maior a determinadas atividades, sem direção única pelo adulto, o que às vezes pode tornar uma atividade improdutiva, repetitiva ou cansativa. É sempre bom terminar uma atividade com gosto de “quero mais” para o dia seguinte. Poder ter uma constância de propostas que vão sendo incrementadas ao longo do tempo ajuda as crianças a aprofundar seus conhecimentos, tanto no que diz respeito à natureza lúdica das propostas quanto aos conhecimentos que lhes são proporcionados na interação com os objetos e as outras crianças.

 

Por que reservar um momento diário para tal finalidade?

Reservar um momento diário permite que as crianças aprendam a tomar decisões, compartilhar, realizar escolhas, e também se apropriem mais do espaço da sala, uma vez que ajudam a construir os cantos, organizando-os e incrementando- os com suas idéias e propostas.
Algumas professoras, quando fazem essa pergunta, acham que podem substituir o espaço diário dessa proposta (cerca de 1 hora), por um único dia da semana destinado inteiramente aos cantos de atividades diversificadas. Entretanto, é melhor a constância da proposta em menor tempo, até para compartilhar com outras tantas atividades necessárias no dia-a-dia, do que desenvolver a proposta num dia inteiro. É importante intercalar momentos nos quais a condução da sala seja realizada apenas pelo professor com outros, compartilhados com as crianças. (Essa proposta não se confunde com a das salas ambientes, na qual cada sala possui uma proposta específica, de tal forma que as crianças rodiziam, em grupo, durante o dia em cada uma delas.)

 

“Não tem material na minha escola para fazer cantos de atividades diversificadas.” O que fazer?
Mais do que material, é preciso ter propostas e ideias. Muito da falta de material diz respeito à falta de ideia do que fazer em sala com o grupo.
O professor está tão acostumado com lápis e papel que tem pouca intimidade com outros materiais. Faz-se necessário retomar suas próprias brincadeiras de infância, lembrar o quanto se improvisava com qualquer recurso disponível.
Assim sendo, por exemplo, sobras de uma marcenaria podem compor um divertido jogo de monta - tudo. Essa proposta é incrementada agregando-se a ela livros de castelos, de parques em diferentes países, para que as crianças tenham que bolar, com os retalhos de madeira, construções variadas. Com esses mesmos retalhos e cola é possível fazer móveis para casinha de bonecas.
As crianças podem colar E.V.A., tecidos, sobre as madeiras para compor diferentes móveis. Pode-se ainda sugerir que com os mesmos retalhos façam uma pista para rolagem de pião, ou então que construam a torre mais alta que conseguirem e medirem a altura para colocar em um livro de recordes; enfim, o professor precisa desenvolver sua criatividade, sondando com as crianças suas preferências para propor ao grupo outras possibilidades de explorar os cantos de atividades diversificadas.
 

Espaço das salas de grupos
 
 

 

Sugestões de materiais para as salas de crianças de 4 meses a 2 anos
• Mural, da altura das crianças, organizado para usos diversos, contendo:
– fotos das crianças, trazidas de casa e ou feitas na escola, identificadas com o nome de cada uma delas;
– fotos das crianças em diferentes situações sociais (aniversários, passeios, com animais de estimação, com familiares);
– reprodução das capas dos livros que foram lidos ou das histórias que foram contadas;
– imagens instigantes e visualmente interessantes do ponto de vista estético.
• Calendário de uso social para marcação de:
– aniversariantes da turma;
– compromissos e combinados especiais.
• Relógio comum de uso social, como um portador numérico para que as crianças observem o seu uso pelo educador.
• Brinquedos que possam ser levados à boca sem perigo (de plástico ou de borracha com selo do Inmetro).
• Brinquedos que produzam som (chocalhos).
• Brinquedos de empilhar e encaixar (blocos, cubos).
• Brinquedos de correr atrás (bolas, cilindros).
• Colchonetes e almofadas (com capas laváveis).
• Móbiles e estábiles (as salas podem ter muitos ganchos em diferentes lugares para pendurar panos, tules, cortinas sonoras etc.).
• Tapetes de atividades com bolsos, guizos, espelhos, quadros de panos de diferentes texturas.
• “Estante” para livros, tipo sapateira, com bolsões transparentes para que as crianças identifiquem os livros de histórias.
• CDs com música de diferentes gêneros.
• Espelho de tamanho suficiente para que duas ou três crianças possam se ver inteiras.
• Obstáculos que provoquem diferentes movimentos: subir, descer, trepar, agachar, arrastar, escorregar.
A organização do espaço educativo reflete as concepções de criança, ensino e aprendizagem das instituições. As formas como as salas estão organizadas a disposição dos móveis, a acessibilidade aos brinquedos, aos livros, a exposição ou não das produções infantis, a “decoração” são indícios reveladores sobre como as crianças são vistas e consideradas.
• Cantos diversos:
– de brinquedos e jogos, organizados de acordo com os usos das crianças;
– ambientados para o jogo de casinha e os demais jogos de faz-de-conta preferidos da turma;
– com locais reservados ou reversíveis para momentos de repouso, sempre muito flexíveis nos primeiros anos de vida;
– confortáveis, forrados com tapete, placas de E.V.A. ou outro piso confortável que permitam a acomodação das crianças em roda para o bate-papo diário;
– materiais de construção: blocos de madeira, caixas de papelão, Lego®, monta - tudo e outros;
– bonecas e seus acessórios: mamadeira, fraldas para trocar, banheira, sabonete, toalha, pente, roupas etc.;
– com mesas e cadeiras para atividades que requeiram uma acomodação diferente e permitam práticas como desenho, modelagem com massinha etc.;
– com livros de histórias, poesias, cantigas etc.;
– com tapete, esteira, almofada ou outro piso que delimite o espaço e transmita uma sensação de conforto.
• Local para pendurar mochilas e pertences pessoais devidamente identificados.
• Mural para os recados da professora: lembretes, restrições alimentares das crianças, recomendações para o preparo de mamadeiras, receita médica de alguma criança etc.
 

Sugestões de materiais para as salas de crianças de 3 a 5 anos
• Vários murais ou um mural organizado para usos diversos, como:
– exposição de produções infantis, devidamente identificadas;
– fixação ou exposição de produções de crianças ou materiais que estão sendo pesquisados num determinado momento do ano;
– os recados da professora (lembretes, receita médica de alguma criança etc.);
– painel de fotos da turma.
• Lista de nomes das crianças da turma (cartaz com filipetas escritas em letra-bastão, de uma só cor, mesmo padrão de tamanho para todos os nomes, sem fotos ou outras imagens).
• Lista dos aniversariantes da turma.
• Calendário.
• Agenda de compromissos e registro da programação diária para ser utilizada pelas crianças.
• Relógio.
• Estante de brinquedos e jogos, devidamente identificados para facilitar o uso pelas crianças.
• Espaço para a ambientação do jogo simbólico da turma (a própria sala pode ser ambientada segundo os temas estudados).
• Cantos de materiais para jogo simbólico.
• Estante ou caixa com materiais de uso coletivo contendo:
– canetas variadas;
– borracha;
– lápis variados;
– réguas;
– clipes;
– prendedores;
– barbante;
– fita crepe e durex.
• Biblioteca de sala (estante, painel com bolsos ou outras soluções) contendo, de maneira organizada:
– livros;
– revistas;
– gibis;
– jornais;
– catálogos diversos;
– painel para fixar as sugestões de leitura das próprias crianças, bem como artigos de jornal, de interesse da sala;
– tapete, esteira, almofada ou outro piso que delimite o espaço e transmita uma sensação de conforto.
• Na ausência de espaço para a roda, é preciso pensar em acessórios tais como esteiras, placas de E.V.A., almofadas ou outros materiais que permitam a organização de uma roda com todos os integrantes da turma para os momentos de bate-papo, de programação do trabalho em grupo etc.
• Local para pendurar mochilas e pertences pessoais, devidamente identificados.
Materiais alternativos
• Jogos confeccionados pela professora para as crianças.
• Jogos confeccionados pelas crianças.
• Brinquedos confeccionados pela professora para as crianças menores.
• Brinquedos construídos pelas crianças.
• Ateliê móvel.
• Cadeira-boneco e outras esculturas de montar.
• Móbiles e outros penduricalhos.
Espaço de parque
Sugestões de brinquedos de parque
• Canto de areia.
• Balde, pás e outros acessórios para brincar na areia ou na terra.
• Bacias, minipiscinas com água para brincar com barquinhos ou para molhar a areia.
• Regadores e funis.
• Caixa com potes e outras sucatas.
• Bolas.
• Cordas.
• Bambolês.
• Brinquedos para o faz-de-conta.
• Tecidos coloridos para cabanas.
• Cata-vento.
• Caixa com giz para riscar amarelinha.
• Tocos de madeira para montar pistas e caminhos com obstáculos.
• Pneus coloridos com furos para evitar o acúmulo de água.
• Canto com vasos ou jardim.
 
Fonte/Referência:
- Trecho do Programa Capacitar Educadores/Instituto Avisa Lá/Instituto C&A.
- Blog Educação Infantil Um mundo a Descobrir