terça-feira, 20 de setembro de 2016

TEA - AUTISMO

HISTÓRICO AUTISMO

Palestra proferida pela 
PROFESSORA DIVA ARACELIS
DELOSI ROCHA na EMEI BAMBALALÃO, no dia 06 de setembro de 2016.



O autismo é um transtorno do desenvolvimento que
aparece precocemente na infância, antes dos três anos de
idade, e que se caracteriza por prejuízos significativos nas
áreas da comunicação, socialização e comportamento.
Dificuldade de COMUNICAÇÃO por deficiência no domínio
da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos
simbólicos, dificuldade de SOCIALIZAÇÃO e padrão de
COMPORTAMENTO restritivo e repetitivo.

1943 - Leo Kanner, psiquiatra austríaco que trabalha em
Baltimore, EUA, descreve o autismo pela primeira vez em um
artigo intitulado Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo
(Austitic Disturbances of Affective Contact) sobre seus
estudos clínicos, em 11 crianças por ele assistidas. Autismo
Clássico (Tríade – Lorna Wing.)
1944 – na Alemanha um médico também austríaco, Hans
Asperger, formado na Universidade de Viena, a mesma que
estudou Leo Kanner, descreve uma forma mais branda de
autismo em seu artigo A psicopedagogia autística na infância,
baseando-se em estudos que envolveram mais de 400
crianças. (Síndrome de Asperger.)

1981 - O termo "Síndrome de Asperger" foi
utilizado pela primeira vez por Lorna Wing
num artigo publicado numa revista médica,
onde ela pretendia honrar Hans Asperger, cujo
trabalho só foi reconhecido
internacionalmente na década de 1990.

A Síndrome ou Transtorno de
Asperger se diferencia do autismo por não comportar nenhum "atraso ou retardo no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem".



Métodos de tratamento:

• TEACCH –(Tratment and Education of Autistic and Related 
Communication Handicapped Children) – Tratamento e
Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios Correlatos
da Comunicação.(organiza o ambiente e as atividades.)
• PECS – (Picture Exchange Communication System) - Sistema
de Comunicação por meio da Troca de Figuras.
• ABA-(Aplied Behavioural Analysis – Análise Aplicada do
Comportamento (uso de reforço).
• PEP-R – (Perfil Psico-Educacional Revisado) para avaliar as
crianças nos seus pontos mais fortes e em suas maiores
dificuldade


DIAGNÓSTICO

Os sistemas mais frequentemente utilizados e mundialmente reconhecidos para o diagnóstico e classificação são justamente o CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) e o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria).
A nomenclatura “Transtorno do Espectro Autista” (TEA), passou a ser utilizado para englobar o autismo, propriamente dito, além da Síndrome de Asperger e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. Atualmente discute-se (até sugere-se), como no DSM-V, que o TEA  deveria englobar um “continuum” sintomático, desde os casos mais leves (como ocorre em diversas pessoas funcionais na sociedade, que se adaptaram aos seus sintomas), até aqueles onde as manifestações são severas (como no autismo propriamente dito).

Autismo - como identificar

A convivência com as crianças na escola, seja em sala de aula, seja nos momentos de interação social e lazer, possibilita a percepção de uma variabilidade e diversidade enorme de características que os educandos podem apresentar.

Os professores e o ambiente escolar são referências determinantes para a vida e o desenvolvimento da criança e do adolescente.

Na escola, os alunos passam diariamente horas sob o olhar de educadores treinados a acompanhar sua aprendizagem e socialização. Portanto, não é raro que as primeiras dúvidas sobre o desenvolvimento da criança sejam levantadas pelos educadores da criança ou do adolescente.

Qual o professor que nunca se angustiou frente à dificuldade de aprendizado de um de seus alunos?
• Qual o professor que nunca se preocupou com o isolamento de um aluno?

• Qual o professor que não se deparou com sua autoridade ameaçada por um aluno com mau comportamento em sala de aula?

• Quantas e quantas crianças e adolescentes passam nas mãos desses profissionais a cada ano?
E como suspeitar se um aluno pode estar dentro dessa categoria?

Existem alguns sinais chamados sinais de risco ou alerta para os quais devemos estar atentos no desenvolvimento infantil. 



São eles:

 Reduzida manutenção do contato visual;

Atraso na aquisição da linguagem;

 Não responder ao ser chamado pelo nome, parecendo surdo;

Risos e movimentos pouco apropriados e repetitivos, constantemente ou quando entusiasmado;

Manipulação de dedos ou mãos de forma peculiar;

Repetição constante, para si mesmo, de frases e conteúdos que ouvem de diálogos, desenhos animados, filmes, documentários, etc. Ecolalia - imediata ou tardia.

 Produção frequente de vocalizações sem uso funcional;

 Isolamento social, interagindo menos do que o esperado para crianças da sua idade;

 Preferência por interações com adultos, conversando por muito tempo sobre tópicos avançados para a sua faixa etária; alto funcionamento – Síndrome de Asperger.

 A intenção comunicativa e a interação ocorrem preferencialmente para suprir as suas necessidades e/ou explanar os tópicos de seu interesse;

Manipulação de objetos e brinquedos de maneira não habitual;
 Presença de respostas anormais a barulhos e tato;

 Prejuízo da crítica em relação a situações de perigo;

 Capacidade de imaginação, fantasia e criatividade reduzidas;

Interesses específicos muito exagerados, que comprometem as interações sociais com colegas;
Rigidez no comportamento e rotinas.

Se você tiver algum aluno com alguns desses sinais,

é muito importante que o encaminhamento para o setor de saúde mental infantil seja feito o mais
rápido possível a fim de se estabelecer um diagnóstico confiável e tratamento efetivo para a criança ou adolescente.

O diagnóstico formal quase sempre vem após uma série de fracassos escolares, o que, em muitos casos, pode ser evitado com uma intervenção precoce.

O autismo pode ou não ser associado a um comprometimento cognitivo.

Essa associação está presente em aproximadamente 70% dos casos, e a tendência com a ampliação dos critérios diagnósticos é diminuir.

Até o momento não há nenhuma cura comprovada, mas, ao longo das últimas décadas, pesquisas bem documentadas têm mostrado que as crianças com autismo respondem muito bem à  intervenção precoce e intensiva (antes dos cinco anos), às estratégias de manejo dos comportamentos e ações educacionais e de saúde integradas.

Os muitos sinais de alerta já indicam que não existe “A” criança autista, no sentido delimitado de quadro sintomático. 


Portanto, não existe “a” intervenção que funcione para todos.

As medicações, quando necessárias, são utilizadas para tratamento dos sintomas periféricos que podem estar associados com o quadro (insônia, hiperatividade, agressividade) e até o momento não
existem medicações para o tratamento dos sintomas centrais do quadro.

O preconceito, sempre fruto do desconhecimento, muitas vezes, faz com que crianças que não se
encaixam no que os pais e professores creem que seja “a” criança autista fiquem anos seguidos sem atendimento e acompanhamento apropriados para o caso.

E como identificar se o aluno está dentro dessa categoria?

É muito importante que o encaminhamento para o setor de saúde mental infantil seja feito o mais rápido possível a fim de se estabelecer um diagnóstico confiável e tratamento efetivo para a criança ou adolescente.

A demanda por informação e orientação nessa área tem aumentado devido às mudanças recentes da legislação educacional, que agora exigem a inclusão do indivíduo diagnosticado com autismo na escola.

Como já foi dito anteriormente, esses alunos podem ser muito diferentes entre eles. Alguns  apresentam um isolamento, ausência total de linguagem verbal, agitação psicomotora intensa, comportamentos ritualísticos, movimentos repetitivos e prejuízo no contato social. Outros
que conversam bem, possuem até vocabulário muito rebuscado e inventam novas palavras, são capazes de falar horas sem parar sobre um determinado tema, parecendo “pequenos professores”. Eles geralmente conseguem acompanhar o conteúdo em sala de aula e tirar boas notas,
mas socialmente podem se comportar de modo inadequado. Não conseguem fazer ou manter amizades por um longo período, ou parecem não se importar muito com a opinião e o desejo dos outros colegas ou professores. Entre esses dois extremos, existe uma infinidade de combinações de manifestações clínicas que irão determinar o jeito de ser de muitos dos alunos. Eles necessitarão de compreensão para aprenderem melhores maneiras de expressar as suas necessidades e conviver no ambiente escolar.

“Há muito tempo, me disseram que tenho autismo.
Nunca soube exatamente o que isso significa, mas é
verdade que prefiro brincar sozinha no pátio da escola
e evito estar com outras crianças porque é difícil para
“mim” entender tão rapidamente as regras das
brincadeiras. Posso fazer confusão pois não entendo
quando um amigo dá um ‘sorrisinho’ para o outro. O
que será que aquele ‘sorrisinho’ significa? É muito
difícil interpretar o que o outro quer dizer. Nunca faça
isso comigo! Me diga exatamente o que tenho que
fazer e o que você espera de mim”.

As características do autismo geralmente afetam a pessoa durante a vida toda, embora possam mudar consideravelmente ao longo do tempo e em resposta a intervenções recebidas. Um indivíduo levemente afetado pelo TEA pode parecer apenas peculiar (“esquisito”) e levar uma vida normal. Uma pessoa severamente afetada pode ser incapaz de falar ou de cuidar de si mesma.

Intervenções precoces e intensivas podem fazer diferenças extraordinárias no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança e de sua família.

FONTE:
• Autismo e Realidade
• São Paulo: Segmento Farma. - Tuchman, R. e
Rapin, I. Autismo: abordagem neurobiológica.
– Porto Alegre: Artmed, 2009.
• Revista Brasileira De Psiquiatria. São Paulo:
ABP, 2006.


PROFESSORA DIVA ARACELIS DELOSI ROCHA
E-MAIL divaadrocha@hotmail.com





sexta-feira, 3 de junho de 2016


O que verificar em relação à educação de sua criança se ela frequenta uma creche assistencialista ou uma escola que cuida e educa
1. Aspectos que os familiares podem verificar diretamente na creche ou na pré-escola

•    A instituição tem autorização de funcionamento expedida pela Secretaria Municipal de Educação?
•    O alvará sanitário está afixado em lugar visível?
•    A instituição tem proposta pedagógica em forma de documento?
•    Reuniões e entrevistas com familiares são realizadas em horários adequados à participação das famílias?
•    Há reuniões com familiares pelo menos três vezes por ano?
•    Os familiares recebem relatórios sobre as vivências, produções e aprendizagens pelo menos duas vezes ao ano?
•    A instituição permite a entrada dos familiares em qualquer horário?
•    Existe local adequado para receber os pais ou familiares? E para aleitamento materno?
•    As professoras têm, no mínimo, a formação em nível médio, Magistério?
•    Há no mínimo uma professora para cada agrupamento de:
•    6 a 8 crianças de 0 a 2 anos?
•    15 crianças de 3 anos?
•    20 crianças de 4 até 6 anos?
•    As salas de atividades e demais ambientes internos e externos são agradáveis, limpos, ventilados e tranquilos, com acústica que permite uma boa comunicação?
•    O lixo é retirado diariamente dos ambientes internos e externos?
•    A instituição protege todos os pontos potencialmente perigosos do prédio para garantir a circulação segura das crianças e evitar acidentes?
•    A instituição tem procedimentos preestabelecidos que devem ser tomados em caso de acidentes?

2. O que os familiares podem verificar com a criança sobre o atendimento na educação infantil

•    Pergunte qual é o nome das professoras e de outros funcionários.
•    Pergunte o nome dos amiguinhos mais próximos.
•    Pergunte à criança o que ela mais gostou de fazer naquele dia.
•    Incentive à criança a contar e a narrar situações vividas na instituição:
•    que músicas cantou ou ouviu;
•    quais brincadeiras aconteceram;
•    que pinturas, desenhos, esculturas ela fez;
•    qual livro a professora leu;
•    que história a professora contou;
•    o que ela está aprendendo, entre outras.

3. O que os familiares podem observar diretamente na criança sobre o atendimento na educação infantil

•    Observe o comportamento da criança quando ela chega na instituição (alegria, timidez ou choro).
•    Observe diária e atentamente enquanto estiver conversando com a criança, seu olhar, seus gestos, sua fala suas reações podem ajudar a avaliar o estado físico e emocional.
•    Observe as reações da criança ao ver seus colegas, isso pode demonstrar como está a relação com a turma.
•    Observe as produções e o material que ela traz da instituição.


FONTE: MEC

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Estar com os bebês


Estar com bebês – Anna Tardos
Tradução: Mariana Discacciati
Revisão da tradução:Raquel Borges
Fora do ambiente da família, é especialmente perigoso se a atividade de trocar e vestir o bebê não é realizada desta maneira alegre. Numa creche ou instituição, o bebê é cuidado não por sua mãe, pai ou avó que o olham com amoroso orgulho, mas por outra pessoa: uma profissional, educadora, cuidadora. Uma cuidadora tem de cuidar de vários bebês – um atrás do outro; e não importa o quanto ela ame crianças, uma vez que foi por isso que ela escolheu essa carreira, ela não pode olhar para cada bebê com o amor orgulhoso, entusiasmante e adorador de uma mãe. E eu quero dizer mais: isso sequer pode ser esperado dela. Não seria realista. E, infelizmente, na realidade seus movimentos muito facilmente se tornam mecânicos, rápidos, e rotineiros. A ocasião de estar junto frequentemente acontece sem palavras, de maneira impessoal. Em uma ‘boa situação’, a criança não protesta, mas aguenta passiva, e talvez faça esse estar juntos um momento difícil por enrijecer seus músculos. E, portanto, não é um prazer para nenhuma das partes: nem para o bebê, nem para o adulto.
Como isto pode ser ajudado? Deve se esperar da cuidadora que ela ame cada criança que ela tem que cuidar como uma mãe? Mas isso é impossível. Sim, isso é impossível. Amor não pode ser prescrito, especialmente afeições maternas. Mas pode ser ajudado. Existem algumas regras pequenas e muito simples, e, se a cuidadora as seguir, a atmosfera de estar juntos se tornará completamente diferente, e será cada vez mais agradável tanto para o bebê quando para o adulto estar juntos durante os cuidados. Eventualmente, com tempo, o adulto não terá que pensar sobre regras e segui-las. Se tornará natural que ele se aproxime do bebê como um parceiro, com interesse pessoal e tato, e sua higiene, limpeza, despir, vestir e trocar fraldas será em última análise um encontro de dois seres humanos. Um encontro real, quando a criança não é apenas o objeto de tudo aquilo que acontece com ela, mas uma participante também. Listadas abaixo estão algumas regras que têm sido formadas, refinadas e trabalhadas baseadas na experiência de algumas décadas do Instituto Pikler em Budapeste, com base nos ensinamentos da pediatra húngara Emmi Pikler. No Instituto, centenas de crianças abandonadas e órfãs foram criadas para se tornarem jovens adultos com personalidades saudáveis, comprovado por estudos de acompanhamento, apesar do fato de que tiveram que lidar com a falta do acolhimento do amor familiar em sua idade mais vulnerável.
  • Nunca pegue uma criança inesperadamente em seus braços de forma que seja surpreendente para ela. Chame-a, procure por seu olhar. Se ela está adormecida e ainda assim você precisa pegá-la, chame-a, gentilmente acaricie sua face, e espere até que ela acorde espreguiçando. Uma vez que o contato visual tenha sido estabelecido, diga a ela que você irá pegá-la. Sim, mesmo com um bebê de apenas alguns dias ou semanas de idade. Então, somente depois, estenda seus braços até ela.
  • Os movimentos nunca devem ser excessivamente precipitados. Permita tempo suficiente ao bebê com seus gestos para que ele se prepare para o que vai acontecer. Por exemplo, toque-o suavemente, posicione suas mãos gentilmente sob sua cabeça e corpo, e então levante-o alguns instantes depois.
  • Ajude-o também com palavras para prepará-lo para o que vai acontecer. Isso também significa que nós nunca ficamos em silêncio juntos, mas falamos com o bebê; mantemos uma conversa. Converse com ele sobre o que será feito, que tipo de roupas serão separadas para serem colocadas nele. Sobre que parte do seu corpo será tocada. Fale com ele, informe-o, não apenas enquanto a ação já está sendo feita, mas também antes dela começar: “Eu irei puxar o seu braço por cima da manga do casaco. Sim, este seu braço. Obrigada”. Acredite se quiser, o milagre irá acontecer com a idade de apenas alguns meses. Sorrindo, o bebê irá, embora incerto, levantar seu braço quando a mão do adulto tentar alcançá-lo. E que prazer é para o adulto, e que prazer para o bebê!
  • O bebê precisa ser ouvido quando o adulto está cuidando dele. Ele precisa ser respondido. Em um relacionamento criado dessa forma o conteúdo da conversa será cada vez mais rico, e o bebê conseguirá respostas às suas manifestações. A cuidadora pode dizer, por exemplo, “Eu vejo que você gosta desse casaco bem quentinho. Sim, estou vendo, você está com sono agora. Você acabou de bocejar. Eu irei te colocar na sua cama em breve. Aqui estamos, eu irei te colocar na sua cama. E agora estou te cobrindo. Bons sonhos!” Um bebê de apenas alguns meses já absorve as palavras direcionadas a ele. E ele ajuda o adulto cuidador a ficar com ele com sua atenção – seus pensamentos, seu interesse – ainda que seja a terceira ou oitava criança cujas fraldas ele esteja trocando naquela manhã.
Estas são regras simples; não há nada de surpreendente nelas. E ainda assim vale a pena observarmo-nos para ver se é realmente assim que estamos agindo, e se nós usamos as oportunidades de estar juntos com a criança para criar um diálogo mais significativo com gestos, olhares, e fala, no qual o bebê também pode sentir que ele é um verdadeiro parceiro e um participante ativo, e que faz a hora de estar juntos mais alegre para o adulto nos momentos de cuidado repetidos durante o dia.

Segunda e última parte do artigo “Estar com os bebês”  (original no site Pikler/Lóczy Fund USA), escrito por Anna Tardos, do Instituto Pikler em Budapeste. 

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Educar criança de 0 a 3 anos exige sensibilidade e delicadeza

Educar criança de 0 a 3 anos exige sensibilidade e delicadeza
Nestes tempos de aceleração, onde a ansiedade está cada vez mais presente no mundo dos adultos e, consequentemente, atropelando de frente o ritmo orgânico da criança pequena, é preciso refletir sobre o que fazer para modificar este quadro. Afinal, esta fase dos três primeiros anos, conhecida como primeiríssima infância, é fundamental para o desenvolvimento global harmonioso do ser humano.
O contato com a criança pequena precisa ser delicado e ao mesmo tempo atencioso. Por meio de uma observação cuidadosa, é possível perceber algumas reações aos cuidados, mesmo em bebês muito pequenos. São sinais sutis perceptíveis por meio de movimentos corporais, crispações da pele, expressões do rosto, expressões sonoras, que trazem informações de como o bebê está recebendo os cuidados e, mais do que isso, de que forma ele consegue participar destes momentos. Além de muita calma é preciso fazer pausas na ação de cuidar, para que estas reações apareçam.
Segundo a médica húngara Emmi Pikler, que desenvolveu uma abordagem específica para a educação de crianças de 0 a 3 anos, os momentos de cuidar são excelentes oportunidades para a construção do vínculo afetivo. Para que isso ocorra, as tarefas de cuidar não podem ser realizadas de maneira rápida e mecânica, ao contrário do que acontece em muitos espaços coletivos de bebês.  A constância nos cuidados, assim como a regularidade de tempo e espaço criam o clima de confiança necessário para que a criança sinta segurança e possa participar desta relação e aproveitar a experiência.
Os estímulos táteis são acompanhados de falas com voz suave, explicando de forma clara e simples o que está se passando e antecipando o que vai acontecer a seguir. Quando o adulto educador fala sobre a parte do corpo que está sendo tocada, ajuda o bebê a construir seu esquema corporal, que é a experiência imediata da unidade dos segmentos do corpo e a posição que se ocupa no espaço. O esquema corporal é resultado da organização cognitiva e afetiva de cada pessoa e é construído e reconstruído pelas contínuas alterações da posição do corpo no espaço.
Emmi Pikler e sua equipe ensinam, também, a importância de realizar gestos delicados, não interromper uma atividade de cuidado, considerar as necessidades individuais e reagir a cada manifestação das crianças. As diferentes sequências de cada atividade de atenção pessoal se realizam sempre de forma igual, como uma “coreografia dos cuidados”, mas o fato do adulto se manter sempre presente na atividade impede que o ato se torne mecânico.
Uma criança cuidada desta forma se sente segura e confiante no adulto e pode se aventurar a brincar de forma livre, explorando objetos com diferentes qualidades táteis e exercendo os movimentos necessários para seu desenvolvimento neuropsicomotor.
Fases do brincar
Segundo a Abordagem Pikler, as crianças pequenas que brincam de forma espontânea passam por fases distintas. Ainda no berço, a criança brinca com o próprio corpo: mãos, pés e a própria voz.  Ao armazenar sensações e informações colhidas na exploração do espaço e dos brinquedos, a criança constrói as bases necessárias para o desenvolvimento da capacidade de pensar. E assim, ela aprende a aprender.
A abordagem Pikler recomenda que o bebê seja colocado sempre de barriga para cima, em uma superfície firme, posição que favorece os movimentos corporais.
Olhar ao redor
O bebê explora visualmente o ambiente ao seu redor. Com isso, fortalece a musculatura do pescoço e organiza os movimentos da cabeça, em função dos estímulos visuais e auditivos que o entorno oferece.
Explorar as próprias mãos
No início, as mãos se movimentam sem controle, desaparecem e voltam a ser visíveis novamente. O fato do bebê perceber que elas podem ser controladas gera interesse e satisfação. Ele passa a pegar um objeto, mas ainda não é capaz de largá-lo. O acaso ainda predomina.
 Alcançar o brinquedo desejado, pegar nas mãos e movê-lo
Nesta fase o bebê já pode exercer a iniciativa de escolher com que objeto brincar.
Usar as duas mãos
A criança passa o brinquedo de uma mão a outra, com simetria e sincronicidade.
Estudar objetos
A criança toca o brinquedo, empurra, balança e observa o efeito que é produzido. Os brinquedos podem escorregar, bater, tremer, rolar, fazer barulhos etc.
Brincar com dois brinquedos simultaneamente
Coloca dois objetos em relação. Observa diferenças, proporção, características, formatos, etc.
Entre 9 e 12 meses a criança tem o impulso de colocar objetos menores dentro dos maiores e perceber o que cabe dentro do que. Ela experimenta e percebe as posições no espaço, tendo as primeiras noções de dentro / fora; em cima / embaixo / ao lado; junto / separado.
Nesta fase ela começa a colecionar objetos com uma atitude “científica”, seguindo o resultado das suas ações, comparando com o resultado imaginado e modificando, se necessário, para encontrar gestos mais efetivos.

Suzana Macedo Soares
Graduada em Comunicação Social pela PUC-SP e pós-graduada pela ECA-USP. É especialista em Educação Infantil pelo Instituto Vera Cruz. Participou do Curso de Formação sobre Emmi Pikler “A importância dos cuidados na Primeira Infância” em 2009 -2010, promovido pela OMEP. 

quarta-feira, 18 de maio de 2016



Bebê “Tatu Bolinha”: A Importância Do Rolar

O rolar é muito importante para o desenvolvimento do bebê. Representa sua primeira forma de locomoção e é adquirido antes que o sentar.
Deitado de barriga para cima, o bebê movimenta cada vez mais livremente os braços e pernas no ar. Pouco a pouco ele vira a cabeça pra o lado e levanta um ombro do chão, depois o quadril e todo o tronco se vira, ficando deitado de lado.
Um outro caminho possível ocorre quando o bebê eleva as pernas sobre o tronco e, em seguida, elas caem para o lado. O tronco e o restante do corpo acompanham devido à ação das reações de retificação.
O bebê rola para o lado e volta repetidas vezes, desta forma alonga os tecidos moles entre a caixa torácica e a pélvis, trabalha a dissociação do tronco e ativa os músculos abdominais oblíquos para controlar o movimento.
Quando ele consegue estender o quadril, rodando a pélvis sobre o fêmur, completa o rolar deitando sobre o ventre. Assim fortalece ativamente todo o tronco, o que favorece o desenvolvimento de um eixo corpóreo consistente e o prepara para as próximas aquisições.
Portanto, o rolar é uma atividade dinâmica que vai permitir ao bebê mudar de postura sozinho, sendo essencial para percepção do seu próprio corpo e do espaço que o rodeia.
Contudo, para o rolamento acontecer, o bebê precisa passar um tempo deitado sobre uma superfície firme, plana e espaçosa. Cenário este lamentavelmente cada vez mais escasso, devido à difusão da ideia equivocada de que o bebê pequeno fica melhor preso a uma cadeirinha.
Um bebê que desde o início vivencia a liberdade de movimento, já por volta dos 3-4 meses pode iniciar o rolar. Esta fase coincide com o desenvolvimento da capacidade de pegar os objetos. Levado pela progressiva intencionalidade e controle do movimento de suas mãos, o bebê se movimenta, rola e atua sobre o meio ao redor. Cada aquisição começa aos poucos e vai progredindo com a repetição. Por isso, é importante proporcionar um ambiente adequado que favoreça as iniciativas do bebê.

Ft. Leila S. Saita Teixeira
Fisioterapeuta
Co-founder & CKO – UNA Primeira Infância
Co-founder & CEO – PAEDI
Fonte: http://blogs.unaprimeirainfancia.com.br/?p=52


terça-feira, 5 de abril de 2016


MEDIDAS ESSENCIAIS PARA EVITAR A DISSEMINAÇÃO DE VÍRUS, ENTRE OUTROS, DO H1N1.

PROFESSORES, 

- ALTERNAR BRINCADEIRAS EM ÁREAS EXTERNAS, EVITANDO CONFINAMENTO EM SALA/BERÇÁRIO;
- ABRIR AS JANELAS;
- LAVAR AS MÃOS DAS CRIANÇAS DESDE BEBÊS E AS PRÓPRIAS AO CHEGAR NA ESCOLA;
- LAVAR AS MÃOS APÓS CUIDAR DAS CRIANÇAS COM CORIZA, TOSSE E APÓS TODAS AS TROCAS DE FRALDAS E USO DO SANITÁRIO;
- LAVAR AS MÃOS ANTES DAS REFEIÇÕES;
- GARANTIR A HIGIENE DIÁRIA DOS BRINQUEDOS LEVADOS AO ROSTO E A BOCA CONSTANTEMENTE E MANIPULADOS PELAS CRIANÇAS MENORES DE TRÊS ANOS.  

segunda-feira, 28 de março de 2016


DESMAIO EM CRIANÇAS: É NORMAL?


Calor, desidratação e esforço físico podem causar o problema. Saiba o que fazer se isso acontecer com o seu filho

Por Maria Clara Vieira 
Sem motivo aparente, a criança cai desacordada. O susto é inevitável, mas o desespero pode ser controlado se os pais estiverem cientes de que o desmaio nem sempre é indício de algo grave. A perda momentânea de consciência não é uma doença, mas uma reação do corpo a algum fator fisiológico. Pode acontecer em ambientes fechados e nos dias quentes – na hora do banho ou da brincadeira ao sol. Para prevenir, mantenha a criança bem hidratada e alimentada a cada três ou quatro horas e evite locais abafados ou com sol forte.

Que fatores podem provocar desmaio em crianças?

Além do calor, desidratação e esforço físico podem diminuir a pressão arterial, tornando a circulação sanguínea mais lenta. O sangue não irriga adequadamente o cérebro e o corpo responde com a perda de consciência. Permanecer muito tempo em pé ou se levantar repentinamente também interferem na circulação e estão por trás do quadro, assim como a hipoglicemia – queda brusca nos níveis de açúcar no sangue devido ao diabetes ou ao jejum prolongado – e o estresse excessivo.


Que sintomas antecedem a perda de consciência?

A síncope ocorre tão repentinamente que é normal os sinais passarem despercebidos. Mas é possível antever a situação quando a criança se queixa de mal-estar, tontura, visão borrada e sudorese. Pele pálida e mãos frias também alertam para um desmaio iminente. Ao notar esses sintomas, o adulto deve colocar a criança deitada ou sentada, para evitar que caia. Pressionar a cabeça para baixo, entre as pernas, também estimula a circulação na região.


Como agir quando meu filho estiver desacordado?

Corre a crença de que colocar sal embaixo da língua ou sacudir a criança ajuda a despertá-la. No entanto, os médicos garantem que basta esperar alguns segundos até que ela acorde. Enquanto isso, posicione seu filho deitado de lado, para que não engasgue, caso vomite – essa reação é comum em decorrência da náusea que antecede o desmaio. Fora o susto, um episódio breve não traz consequências. Mas vale consultar um pediatra para checar se a saúde está em dia.


Quando o desmaio é motivo de preocupação?

Caso a criança demore mais de um minuto para acordar, leve-a imediatamente ao pronto-socorro, pois pode se tratar de um problema cardíaco, diabetes, ou até anemia. O mesmo vale quando o desmaio sucede uma convulsão. No hospital, os médicos recorrem a exames de sangue e de imagem para identificar os gatilhos do problema. Quando a perda de consciência é demorada e recorrente, ela deve ser investigada por um neurologista, porque pode estar por trás de doenças mais complexas, como a epilepsia. Nessa situação, o desmaio dura até 20 minutos e é seguido de sonolência. Bebês não costumam desmaiar. Se acontecer, é preciso procurar ajuda médica para investigar as causas da crise.

Fontes: Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einsten (SP), Victor Horácio e Neuma Kormann, pediatras do Hospital Pequeno Príncipe (PR)