terça-feira, 20 de setembro de 2016

TEA - AUTISMO

HISTÓRICO AUTISMO

Palestra proferida pela 
PROFESSORA DIVA ARACELIS
DELOSI ROCHA na EMEI BAMBALALÃO, no dia 06 de setembro de 2016.



O autismo é um transtorno do desenvolvimento que
aparece precocemente na infância, antes dos três anos de
idade, e que se caracteriza por prejuízos significativos nas
áreas da comunicação, socialização e comportamento.
Dificuldade de COMUNICAÇÃO por deficiência no domínio
da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos
simbólicos, dificuldade de SOCIALIZAÇÃO e padrão de
COMPORTAMENTO restritivo e repetitivo.

1943 - Leo Kanner, psiquiatra austríaco que trabalha em
Baltimore, EUA, descreve o autismo pela primeira vez em um
artigo intitulado Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo
(Austitic Disturbances of Affective Contact) sobre seus
estudos clínicos, em 11 crianças por ele assistidas. Autismo
Clássico (Tríade – Lorna Wing.)
1944 – na Alemanha um médico também austríaco, Hans
Asperger, formado na Universidade de Viena, a mesma que
estudou Leo Kanner, descreve uma forma mais branda de
autismo em seu artigo A psicopedagogia autística na infância,
baseando-se em estudos que envolveram mais de 400
crianças. (Síndrome de Asperger.)

1981 - O termo "Síndrome de Asperger" foi
utilizado pela primeira vez por Lorna Wing
num artigo publicado numa revista médica,
onde ela pretendia honrar Hans Asperger, cujo
trabalho só foi reconhecido
internacionalmente na década de 1990.

A Síndrome ou Transtorno de
Asperger se diferencia do autismo por não comportar nenhum "atraso ou retardo no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem".



Métodos de tratamento:

• TEACCH –(Tratment and Education of Autistic and Related 
Communication Handicapped Children) – Tratamento e
Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios Correlatos
da Comunicação.(organiza o ambiente e as atividades.)
• PECS – (Picture Exchange Communication System) - Sistema
de Comunicação por meio da Troca de Figuras.
• ABA-(Aplied Behavioural Analysis – Análise Aplicada do
Comportamento (uso de reforço).
• PEP-R – (Perfil Psico-Educacional Revisado) para avaliar as
crianças nos seus pontos mais fortes e em suas maiores
dificuldade


DIAGNÓSTICO

Os sistemas mais frequentemente utilizados e mundialmente reconhecidos para o diagnóstico e classificação são justamente o CID 10 (Classificação Internacional de Doenças) e o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria).
A nomenclatura “Transtorno do Espectro Autista” (TEA), passou a ser utilizado para englobar o autismo, propriamente dito, além da Síndrome de Asperger e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação. Atualmente discute-se (até sugere-se), como no DSM-V, que o TEA  deveria englobar um “continuum” sintomático, desde os casos mais leves (como ocorre em diversas pessoas funcionais na sociedade, que se adaptaram aos seus sintomas), até aqueles onde as manifestações são severas (como no autismo propriamente dito).

Autismo - como identificar

A convivência com as crianças na escola, seja em sala de aula, seja nos momentos de interação social e lazer, possibilita a percepção de uma variabilidade e diversidade enorme de características que os educandos podem apresentar.

Os professores e o ambiente escolar são referências determinantes para a vida e o desenvolvimento da criança e do adolescente.

Na escola, os alunos passam diariamente horas sob o olhar de educadores treinados a acompanhar sua aprendizagem e socialização. Portanto, não é raro que as primeiras dúvidas sobre o desenvolvimento da criança sejam levantadas pelos educadores da criança ou do adolescente.

Qual o professor que nunca se angustiou frente à dificuldade de aprendizado de um de seus alunos?
• Qual o professor que nunca se preocupou com o isolamento de um aluno?

• Qual o professor que não se deparou com sua autoridade ameaçada por um aluno com mau comportamento em sala de aula?

• Quantas e quantas crianças e adolescentes passam nas mãos desses profissionais a cada ano?
E como suspeitar se um aluno pode estar dentro dessa categoria?

Existem alguns sinais chamados sinais de risco ou alerta para os quais devemos estar atentos no desenvolvimento infantil. 



São eles:

 Reduzida manutenção do contato visual;

Atraso na aquisição da linguagem;

 Não responder ao ser chamado pelo nome, parecendo surdo;

Risos e movimentos pouco apropriados e repetitivos, constantemente ou quando entusiasmado;

Manipulação de dedos ou mãos de forma peculiar;

Repetição constante, para si mesmo, de frases e conteúdos que ouvem de diálogos, desenhos animados, filmes, documentários, etc. Ecolalia - imediata ou tardia.

 Produção frequente de vocalizações sem uso funcional;

 Isolamento social, interagindo menos do que o esperado para crianças da sua idade;

 Preferência por interações com adultos, conversando por muito tempo sobre tópicos avançados para a sua faixa etária; alto funcionamento – Síndrome de Asperger.

 A intenção comunicativa e a interação ocorrem preferencialmente para suprir as suas necessidades e/ou explanar os tópicos de seu interesse;

Manipulação de objetos e brinquedos de maneira não habitual;
 Presença de respostas anormais a barulhos e tato;

 Prejuízo da crítica em relação a situações de perigo;

 Capacidade de imaginação, fantasia e criatividade reduzidas;

Interesses específicos muito exagerados, que comprometem as interações sociais com colegas;
Rigidez no comportamento e rotinas.

Se você tiver algum aluno com alguns desses sinais,

é muito importante que o encaminhamento para o setor de saúde mental infantil seja feito o mais
rápido possível a fim de se estabelecer um diagnóstico confiável e tratamento efetivo para a criança ou adolescente.

O diagnóstico formal quase sempre vem após uma série de fracassos escolares, o que, em muitos casos, pode ser evitado com uma intervenção precoce.

O autismo pode ou não ser associado a um comprometimento cognitivo.

Essa associação está presente em aproximadamente 70% dos casos, e a tendência com a ampliação dos critérios diagnósticos é diminuir.

Até o momento não há nenhuma cura comprovada, mas, ao longo das últimas décadas, pesquisas bem documentadas têm mostrado que as crianças com autismo respondem muito bem à  intervenção precoce e intensiva (antes dos cinco anos), às estratégias de manejo dos comportamentos e ações educacionais e de saúde integradas.

Os muitos sinais de alerta já indicam que não existe “A” criança autista, no sentido delimitado de quadro sintomático. 


Portanto, não existe “a” intervenção que funcione para todos.

As medicações, quando necessárias, são utilizadas para tratamento dos sintomas periféricos que podem estar associados com o quadro (insônia, hiperatividade, agressividade) e até o momento não
existem medicações para o tratamento dos sintomas centrais do quadro.

O preconceito, sempre fruto do desconhecimento, muitas vezes, faz com que crianças que não se
encaixam no que os pais e professores creem que seja “a” criança autista fiquem anos seguidos sem atendimento e acompanhamento apropriados para o caso.

E como identificar se o aluno está dentro dessa categoria?

É muito importante que o encaminhamento para o setor de saúde mental infantil seja feito o mais rápido possível a fim de se estabelecer um diagnóstico confiável e tratamento efetivo para a criança ou adolescente.

A demanda por informação e orientação nessa área tem aumentado devido às mudanças recentes da legislação educacional, que agora exigem a inclusão do indivíduo diagnosticado com autismo na escola.

Como já foi dito anteriormente, esses alunos podem ser muito diferentes entre eles. Alguns  apresentam um isolamento, ausência total de linguagem verbal, agitação psicomotora intensa, comportamentos ritualísticos, movimentos repetitivos e prejuízo no contato social. Outros
que conversam bem, possuem até vocabulário muito rebuscado e inventam novas palavras, são capazes de falar horas sem parar sobre um determinado tema, parecendo “pequenos professores”. Eles geralmente conseguem acompanhar o conteúdo em sala de aula e tirar boas notas,
mas socialmente podem se comportar de modo inadequado. Não conseguem fazer ou manter amizades por um longo período, ou parecem não se importar muito com a opinião e o desejo dos outros colegas ou professores. Entre esses dois extremos, existe uma infinidade de combinações de manifestações clínicas que irão determinar o jeito de ser de muitos dos alunos. Eles necessitarão de compreensão para aprenderem melhores maneiras de expressar as suas necessidades e conviver no ambiente escolar.

“Há muito tempo, me disseram que tenho autismo.
Nunca soube exatamente o que isso significa, mas é
verdade que prefiro brincar sozinha no pátio da escola
e evito estar com outras crianças porque é difícil para
“mim” entender tão rapidamente as regras das
brincadeiras. Posso fazer confusão pois não entendo
quando um amigo dá um ‘sorrisinho’ para o outro. O
que será que aquele ‘sorrisinho’ significa? É muito
difícil interpretar o que o outro quer dizer. Nunca faça
isso comigo! Me diga exatamente o que tenho que
fazer e o que você espera de mim”.

As características do autismo geralmente afetam a pessoa durante a vida toda, embora possam mudar consideravelmente ao longo do tempo e em resposta a intervenções recebidas. Um indivíduo levemente afetado pelo TEA pode parecer apenas peculiar (“esquisito”) e levar uma vida normal. Uma pessoa severamente afetada pode ser incapaz de falar ou de cuidar de si mesma.

Intervenções precoces e intensivas podem fazer diferenças extraordinárias no desenvolvimento e na qualidade de vida da criança e de sua família.

FONTE:
• Autismo e Realidade
• São Paulo: Segmento Farma. - Tuchman, R. e
Rapin, I. Autismo: abordagem neurobiológica.
– Porto Alegre: Artmed, 2009.
• Revista Brasileira De Psiquiatria. São Paulo:
ABP, 2006.


PROFESSORA DIVA ARACELIS DELOSI ROCHA
E-MAIL divaadrocha@hotmail.com