segunda-feira, 28 de março de 2016


DESMAIO EM CRIANÇAS: É NORMAL?


Calor, desidratação e esforço físico podem causar o problema. Saiba o que fazer se isso acontecer com o seu filho

Por Maria Clara Vieira 
Sem motivo aparente, a criança cai desacordada. O susto é inevitável, mas o desespero pode ser controlado se os pais estiverem cientes de que o desmaio nem sempre é indício de algo grave. A perda momentânea de consciência não é uma doença, mas uma reação do corpo a algum fator fisiológico. Pode acontecer em ambientes fechados e nos dias quentes – na hora do banho ou da brincadeira ao sol. Para prevenir, mantenha a criança bem hidratada e alimentada a cada três ou quatro horas e evite locais abafados ou com sol forte.

Que fatores podem provocar desmaio em crianças?

Além do calor, desidratação e esforço físico podem diminuir a pressão arterial, tornando a circulação sanguínea mais lenta. O sangue não irriga adequadamente o cérebro e o corpo responde com a perda de consciência. Permanecer muito tempo em pé ou se levantar repentinamente também interferem na circulação e estão por trás do quadro, assim como a hipoglicemia – queda brusca nos níveis de açúcar no sangue devido ao diabetes ou ao jejum prolongado – e o estresse excessivo.


Que sintomas antecedem a perda de consciência?

A síncope ocorre tão repentinamente que é normal os sinais passarem despercebidos. Mas é possível antever a situação quando a criança se queixa de mal-estar, tontura, visão borrada e sudorese. Pele pálida e mãos frias também alertam para um desmaio iminente. Ao notar esses sintomas, o adulto deve colocar a criança deitada ou sentada, para evitar que caia. Pressionar a cabeça para baixo, entre as pernas, também estimula a circulação na região.


Como agir quando meu filho estiver desacordado?

Corre a crença de que colocar sal embaixo da língua ou sacudir a criança ajuda a despertá-la. No entanto, os médicos garantem que basta esperar alguns segundos até que ela acorde. Enquanto isso, posicione seu filho deitado de lado, para que não engasgue, caso vomite – essa reação é comum em decorrência da náusea que antecede o desmaio. Fora o susto, um episódio breve não traz consequências. Mas vale consultar um pediatra para checar se a saúde está em dia.


Quando o desmaio é motivo de preocupação?

Caso a criança demore mais de um minuto para acordar, leve-a imediatamente ao pronto-socorro, pois pode se tratar de um problema cardíaco, diabetes, ou até anemia. O mesmo vale quando o desmaio sucede uma convulsão. No hospital, os médicos recorrem a exames de sangue e de imagem para identificar os gatilhos do problema. Quando a perda de consciência é demorada e recorrente, ela deve ser investigada por um neurologista, porque pode estar por trás de doenças mais complexas, como a epilepsia. Nessa situação, o desmaio dura até 20 minutos e é seguido de sonolência. Bebês não costumam desmaiar. Se acontecer, é preciso procurar ajuda médica para investigar as causas da crise.

Fontes: Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einsten (SP), Victor Horácio e Neuma Kormann, pediatras do Hospital Pequeno Príncipe (PR)