DESMAIO EM CRIANÇAS: É NORMAL?
Calor, desidratação e esforço físico podem causar o
problema. Saiba o que fazer se isso acontecer com o seu filho
Por Maria Clara Vieira
Sem motivo aparente, a criança cai desacordada. O susto é
inevitável, mas o desespero pode ser controlado se os pais estiverem cientes de
que o desmaio nem sempre é indício de algo grave. A perda momentânea de
consciência não é uma doença, mas uma reação do corpo a algum fator
fisiológico. Pode acontecer em ambientes fechados e nos dias quentes – na hora
do banho ou da brincadeira ao sol. Para prevenir, mantenha a criança bem
hidratada e alimentada a cada três ou quatro horas e evite locais abafados ou
com sol forte.
Que fatores podem provocar desmaio em crianças?
Além do calor, desidratação e esforço físico podem diminuir a pressão arterial,
tornando a circulação sanguínea mais lenta. O sangue não irriga adequadamente o
cérebro e o corpo responde com a perda de consciência. Permanecer muito tempo
em pé ou se levantar repentinamente também interferem na circulação e estão por
trás do quadro, assim como a hipoglicemia – queda brusca nos níveis de açúcar
no sangue devido ao diabetes ou ao jejum prolongado – e o estresse excessivo.
Que sintomas antecedem a perda de consciência?
A síncope ocorre tão repentinamente que é normal os sinais passarem
despercebidos. Mas é possível antever a situação quando a criança se queixa de
mal-estar, tontura, visão borrada e sudorese. Pele pálida e mãos frias também
alertam para um desmaio iminente. Ao notar esses sintomas, o adulto deve
colocar a criança deitada ou sentada, para evitar que caia. Pressionar a cabeça
para baixo, entre as pernas, também estimula a circulação na região.
Como agir quando meu filho estiver desacordado?
Corre a crença de que colocar sal embaixo da língua ou sacudir a criança ajuda
a despertá-la. No entanto, os médicos garantem que basta esperar alguns
segundos até que ela acorde. Enquanto isso, posicione seu filho deitado de
lado, para que não engasgue, caso vomite – essa reação é comum em decorrência
da náusea que antecede o desmaio. Fora o susto, um episódio breve não traz
consequências. Mas vale consultar um pediatra para checar se a saúde está em
dia.
Quando o desmaio é motivo de preocupação?
Caso a criança demore mais de um minuto para acordar, leve-a imediatamente ao
pronto-socorro, pois pode se tratar de um problema cardíaco, diabetes, ou até
anemia. O mesmo vale quando o desmaio sucede uma convulsão. No hospital, os
médicos recorrem a exames de sangue e de imagem para identificar os gatilhos do
problema. Quando a perda de consciência é demorada e recorrente, ela deve ser
investigada por um neurologista, porque pode estar por trás de doenças mais
complexas, como a epilepsia. Nessa situação, o desmaio dura até 20 minutos e é
seguido de sonolência. Bebês não costumam desmaiar. Se acontecer, é preciso
procurar ajuda médica para investigar as causas da crise.
Fontes: Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Israelita Albert Einsten (SP), Victor Horácio e Neuma Kormann, pediatras do Hospital Pequeno Príncipe (PR)